14Jul

Por: José Antonio Coelho Júnior médico-cirurgião, pós-graduado em Gestão Estratégica, Liderança e Gestão de Negócios e presidente da ABQV – Associação Brasileira de Qualidade de Vida

Ao longo dos 30 anos de atuação da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), acompanhamos de perto a evolução da saúde e bem-estar nas organizações brasileiras. Com mais de 20 edições do Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida (CBQV), a formação de mais de mil profissionais por meio do MBA em Gestão Estratégica em Saúde e Qualidade de Vida Integrada ao Negócio e o impacto positivo em mais de 5 milhões de pessoas por meio de nossas iniciativas, consolidamos um entendimento profundo sobre as transformações e desafios desse ecossistema.

Mais do que uma tendência linear, o bem-estar nas empresas passa por ciclos contínuos de adaptação e evolução. E o ponto de partida está no comprometimento da alta liderança. CEOs e diretores de RH precisam ser os primeiros a compreender que saúde e qualidade de vida são fatores diretamente ligados à performance, engajamento e sustentabilidade do negócio. É essencial entender o que enfraquece a empresa: afastamentos, acidentes de trabalho, excesso de atestados, baixa produtividade. A análise e gestão estratégica desses indicadores, com liderança ativa do C-Level e execução qualificada pelos times de RH e Saúde, geram mudanças consistentes — redução de absenteísmo, controle da sinistralidade, retenção de talentos e melhora do clima organizacional.

Outro ciclo fundamental é o da adaptação cultural. Empresas com propósito claro e posicionamento social relevante só conseguem sustentar essa identidade quando seus colaboradores refletem esses valores. Isso exige um ambiente seguro, saudável e inclusivo, com liderança preparada e políticas bem estruturadas para sustentar um modelo de negócio com base sólida e perene.

O terceiro ciclo é o fortalecimento da liderança. A promoção genuína da saúde no ambiente de trabalho precisa começar pelo acolhimento e desenvolvimento da liderança. Quando líderes são preparados para escutar, apoiar e intermediar as necessidades de seus times, criam-se ambientes psicologicamente seguros e colaborativos. Esse processo precisa ser de mão dupla: tão importante quanto ouvir as equipes é criar canais para que a liderança também seja ouvida, fortalecida e equipada para liderar com empatia e consistência.

O quarto ciclo é a governança. Toda iniciativa precisa de estrutura, políticas claras, normas bem definidas e indicadores mensuráveis de engajamento, produtividade, absenteísmo, turnover. Comunicar esses dados com transparência — como dias sem acidentes, participação em programas de bem-estar ou número de ações realizadas — aproxima a estratégia da operação, envolvendo todos os níveis da organização.

Um elemento transversal a todos esses ciclos é o desafio geracional. Estamos prestes a vivenciar um momento inédito com até cinco gerações convivendo no mesmo ambiente de trabalho: baby boomers, geração X, millenials, geração Z e Alpha, com expectativas e formas distintas de se relacionar com o trabalho. A comunicação precisa ser diversa, abrangente, multicanal e inclusiva, atingindo tanto os nativos digitais quanto os migrantes digitais, garantindo compreensão e engajamento para todos.

Neste contexto, a ABQV se posiciona como uma parceira estratégica das empresas, com conhecimento e ferramentas para a implementação das melhores práticas e reconhecimento. O CBQV, que este ano chega a sua 23ª edição, é o maior espaço nacional de debate sobre bem-estar corporativo, reunindo especialistas, líderes e cases de sucesso. O Congresso será realizado de 6 a 8 de outubro, em São Paulo–SP, e terá como tema “ABQV 30 Anos Inovando a Prática da Qualidade de Vida nas Organizações”. O MBA Gestão Estratégica em Saúde e Qualidade de Vida Integrada ao Negócio, em parceria com o IESAPM, está em sua 18ª turma, preparando profissionais para implementar soluções sustentáveis e alinhadas ao negócio. O Movimento Gerar Bem-Estar (MGBE) impulsiona as empresas na promoção de ações concretas e transformadoras, e em dois anos impactou 227 mil trabalhadores com essas ações. Já o Prêmio Nacional de Qualidade de Vida (PNQV), reconhece e valoriza as organizações que lideram com responsabilidade e inovação. A premiação chega a 28ª edição, tendo premiado mais de 150 empresas e 2 milhões de vidas impactadas diretamente com saúde e bem-estar.

Mais do que acompanhar tendências, precisamos liderar movimentos. E a ABQV está pronta para caminhar ao lado das empresas nessa jornada de evolução, propósito e impacto positivo. Porque cuidar das pessoas é também cuidar do futuro dos negócios.

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