27jun

Executivos mais velhos dão mais prioridade à família do que carreira, mostra pesquisa

Pesquisa conduzida pela Soul HR Consulting, consultoria de recursos humanos mostra que alto escalão dos 35 aos 50 dá mais importância aos familiares

O alto escalão das empresas está preocupado com sua carreira, mas as famílias ganham relevância no C-Level conforme a idade passa. É o que mostram os achados de uma pesquisa conduzida pela Soul HR Consulting, consultoria de recursos humanos voltada a esse público.

O estudo ouviu 120 pessoas em cargos C-Level de ambos os sexos. Ela mostrou que 82% dos executivos entre 20 e 35 anos colocam a carreira como prioridade máxima, seguida por família e saúde. Na quebra por gêneros, 81% das mulheres dizem priorizar sua carreira, e homens 84%.

No entanto, a prioridade muda quando avança a faixa etária: para os entrevistados dos 35 aos 50 anos, 44,8% das mulheres passam a dar mais importância à família, com carreira (41,4%) e saúde (13,8%) na sequência. Entre os homens, 56% indicam a família nessa faixa etária, seguido por carreira (37,5%) e saúde (5,6%).

“É fundamental buscar equilíbrio entre as diferentes áreas ao longo da vida. Embora a carreira tenha papel relevante em uma sociedade orientada para o trabalho, sempre orientamos nossos clientes a encontrar maneiras de equilibrar as demandas”, afirma Lucia Costa, sócia da Soul HR Consulting, coordenadora do levantamento e especialista em transição de carreira.

A quebra das prioridades entre homens e mulheres muda a partir dos 50 anos, quando o primeiro grupo mantém a família como prioridade (49%), enquanto as executivas elegem saúde (52,4%).

Se pudesse voltar no tempo

Entre os entrevistados, 77,3% afirmaram não se arrepender sobre suas escolhas profissionais, enquanto 22,7% responderam positivamente, sendo esse percentual mais elevado entre as mulheres, chegando a 27%.

“Culturalmente, as mulheres foram incentivadas a assumir um papel mais ativo no lar, o que pode explicar por que tendem a se arrepender mais quando priorizam o trabalho. Infelizmente, isso ainda reflete uma sociedade marcada por divisões de gênero”, conclui Costa.

25jun

Cenário global atual: desafios e oportunidades para executivos

Por: Geraldo Lamounier, administrador de empresas e sócio fundador da ETRNTY Family Office

O cenário global de 2025 está inserido em um momento crucial, que pode ser interpretado à luz dos ciclos de Hegemonia e Kondratiev. A teoria de Kondratiev está baseada em ondas longas, de cerca de 50 a 60 anos, marcadas por períodos de expansão e recessão tecnológica e econômica. Segundo Geraldo Lamounier, sócio fundador da ETRNTY Family Office, “estamos entrando em uma nova onda do ciclo de Kondratiev, impulsionada por inovações tecnológicas disruptivas e por uma reconfiguração geopolítica que desafia o modelo unipolar do século XX”. Essa nova fase é caracterizada pela ascensão da multipolaridade, com a China e a Rússia emergindo como potências que contestam a hegemonia americana, configurando um ambiente internacional mais fragmentado e volátil.

Os conflitos regionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, que afeta diretamente a segurança energética global, e as tensões no Oriente Médio envolvendo Israel, Palestina e Irã, além do risco de proliferação nuclear, evidenciam a complexidade desse novo ciclo. “Estamos observando que as disputas por recursos naturais e a pressão das mudanças climáticas não são apenas questões ambientais, mas elementos centrais da geopolítica contemporânea”, destaca Lamounier. A relação entre China e Taiwan, com seu potencial de escalada militar, reforça a instabilidade que permeia esse período de transição.

No âmbito econômico, os Estados Unidos enfrentam desafios internos que refletem a dinâmica do ciclo de Kondratiev. A combinação de inflação persistente, juros elevados e déficit fiscal nominal crescente, por volta dos 8% do PIB, coloca o país em uma posição delicada. “A política monetária restritiva e a crescente dívida pública indicam que os EUA estão lutando para se adaptar ao novo paradigma econômico global, onde o poder está se redistribuindo”. O uso das tarifas como instrumento político amplia a fragmentação econômica, forçando empresas e governos a reavaliar suas estratégias diante de um mercado global cada vez mais imprevisível, provavelmente não trará os resultados esperados pelo Governo Trump.

Para o Brasil, o desafio é duplo. Internamente, o país convive com inflação, juros altos, baixo crescimento e problemas sociais e ambientais que pressionam sua imagem internacional. Externamente, o Brasil tem a oportunidade de se posicionar como um ator central na nova globalização, aproveitando sua economia diversificada e sua diplomacia para atuar como ponte entre blocos econômicos e culturais distintos. “O Brasil pode ser o elo que conecta diferentes mundos, especialmente no fornecimento de alimentos e na segurança alimentar global, setores estratégicos em um ciclo que valoriza recursos naturais e inovação sustentável”, afirma Lamounier.

No entanto, para capitalizar essas oportunidades, o país precisa superar suas vulnerabilidades tecnológicas e políticas, além de fortalecer seu protagonismo em agendas globais. O economista reforça: “A inovação e a sustentabilidade serão os motores que determinarão quem lidera o próximo ciclo econômico e geopolítico. Executivos e líderes que compreenderem essa dinâmica estarão melhor preparados para navegar pelas incertezas e aproveitar as janelas de oportunidade que se abrem”.

Em suma, o mundo vive um momento de transição profunda, onde a teoria do ciclo de Kondratiev oferece uma lente valiosa para entender as transformações em curso. A multipolaridade, as tensões geopolíticas, as disputas por recursos e a revolução tecnológica formam um mosaico complexo que exige visão estratégica, adaptabilidade e liderança. Para o Brasil e seus executivos, o desafio é alinhar seus esforços a essa nova onda, consolidando sua relevância e competitividade no cenário global.